Uma recepcionista de uma empresa localizada no centro de Salvador entrou com uma ação judicial contra o empregador após sofrer chacotas por ter solicitado licença-maternidade para cuidar de um bebê reborn — boneco hiper-realista que ela considera como filha. O caso foi protocolado no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-BA) na última terça-feira (27), com pedido de indenização de R$ 10 mil por danos morais.
Segundo a defesa, o foco da ação não era a concessão da licença em si, mas os constrangimentos vivenciados pela funcionária no ambiente de trabalho. Após a divulgação do caso e repercussão negativa, os advogados decidiram retirar a ação dois dias depois, na quinta-feira (29).
De acordo com o processo, a funcionária está na empresa desde 2020 e chegou a solicitar 120 dias de licença, além do salário-família, para cuidar do boneco, que considera como filha adotiva. A empresa negou o pedido, argumentando que a funcionária “não é mãe de verdade”.
Ainda segundo os autos, a mulher foi exposta a constrangimentos diante de colegas. Um superior teria dito que ela “precisava de psiquiatra, não de benefício”. A defesa alegou que as ofensas causaram sofrimento à funcionária, e que a maternidade, mesmo simbólica, envolve investimento psíquico e comprometimento afetivo.
Apesar da desistência da ação, o caso segue gerando debate sobre limites no ambiente de trabalho, saúde mental e diversidade de afetos.